Formulário CEUP ex-Moradores 

 

Este formulário se propõe a fazer um resgate histórico da Casa do Estudante Universitário do Pará - CEUP através dos depoimentos dos moradores que pela casa passaram. Deve ser preenchido levando-se em conta a vivência a história pessoal de cada um, seu cotidiano e seus momentos na CEUP. Não será publicado os depoimentos que tiverem calúnia, difamação e ofensas a ex-moradores e à própria CEUP. Devemos mostrar o retorno social que a CEUP proporciona ao morador que sai com seu tão almejado diploma superior. 

 

Depoimento de Ramon Reis

Qual seu nome, de qual cidade você veio e em que ano você chegou à CEUP?

Ramon Pereira dos Reis, sou de Salinópolis (Salinas) - PA. Comecei a morar na CEUP em 2005.

Qual foi sua primeira impressão ao chegar na CEUP?

No primeiro momento, não prestei tanta atenção na CEUP (estrutura, localização), o fato de ter um lugar pra morar era o bastante. Fui me dando conta que morava numa Casa de Estudantes ao longo dos primeiros meses, o que me fez perceber o quanto ela (a casa) não se constituía como simples moradia, ou mero dormitório; Despir-se de qualquer tipo de preconceito deveria ser a premissa fundamental para qualquer morador; Desta feita, fazer tal movimentação que nos coloque suspensos, nem que seja por alguns minutos, refletindo e compreendendo moradores, ex-moradores e a própria casa, é promissor. Instigante ou não, trata-se de um lugar surpreendente na chegada, estada e saída: é sempre difícil chegar, inconstante permanecer e, para alguns, é quase "sofredor" "cortar o cordão umbilical". Para além do famigerado "choque" inicial, minhas primeiras impressões foram boas, não fossem as agruras (inevitáveis) de um viver na CEUP, o que pode ser reverberado para as agruras de um viver no mundo diante de imensuráveis contingências e agenciamentos.

Qual universidade e qual curso você fez?

Estudei na UFPA de 2005 a 2012, período que compreende uma Graduação e um Mestrado, ambos em Ciências Sociais.

O que a CEUP ensinou à você?

Levando em conta a retroalimentação que existe entre sujeito e espaço, a CEUP é a grande "mãezona" que todos deveriam ter. É visceral demais para explicar com palavras e clichês, é preciso que seja vivenciado! Para tanto, os ensinamentos foram os mais variados, desde criar o hábito de jogar o lixo no lixo (lembro dos vários cartazes espalhados pela casa), não que isso já não fosse uma prática comum; até ter a coragem de acordar cedo, no domingo, para participar de mutirão de limpeza. Bom, acredito que tais situações foram reafirmadas durante o convívio, para mais ou para menos. No entremeio do lixo e do mutirão existem todos os pormenores do que se costuma chamar de convívio social, permeado por regras, sanções, embates políticos, culturais, pessoais, assembleias infindáveis (cansáveis por natureza), conversas, inicialmente, tomadas por uma polidez ou por uma timidez, que dentro de alguns instantes tomaria a proporção de uma amizade que teria que conviver entre altos e baixos, banquetes com a maior simplicidade e o mais apurado sabor. Autoconhecimento, reconhecimento (do outro, dos erros, acertos, etc.) e compartilhamento, foi o que busquei aprender na CEUP.

Pra você, qual foi o significado cultural e social que a CEUP proporcionou para a sua vida?

Confesso que fui, muito mais, um morador reflexivo e observador, do que atuante. Não nego tamanho enriquecimento cultural e social que obtive neste lugar, isso é impagável. Compreender que qualquer tipo de conversa deve ser sustentada pela dialogia; discernir entre o influenciável e o ético; silenciar no "caos"; Tais colocações me fazem crer que os maiores significados culturais e sociais seriam: diversidade, diferença e diferenciação, no sentido mais amplo dos termos.

Quais foram os bons e maus momentos que você viveu ou presenciou na CEUP?

Foram tantos que eu escreveria um livro. Bons momentos em que tínhamos uma mesa farta durante o recebimento das cestas, péssimos eram aqueles em que não tínhamos mais a cesta. Bons momentos em que tínhamos água pra tomar banho e fazer comida, péssimos eram aqueles em que a água havia sido cortada e não sabíamos quando iria ser restabelecido o abastecimento. Bons momentos em que tínhamos recursos para reformas imediatas na estrutura da casa, péssimos eram aqueles em não tínhamos um pessoa capaz de gerir os recursos de forma adequada (estou amenizando os termos). Parece até um poema, mas foi/é a vida real.

Em que ano você saiu da CEUP e do que você mais sentiu falta ao sair?

Saí no início de 2012, especificamente em fevereiro, logo após ter defendido minha dissertação de mestrado. Pouco tempo para maturar ou sentir falta de algo que está tão próximo, seja nas viagens a passeio ou para pesquisas acadêmicas, é sempre bom reencontrar a CEUP, ela já faz parte da minha família, ou melhor, ela foi a minha família durante sete anos, tornou-se agregada familiar. Queria poder sentir falta de tudo, mas é impossível diante dos percalços pelos quais passamos, o que de modo algum me faz ter repulsa pela casa, compreendo que tais situações estruturais podem/devem ser melhoradas. Sendo assim, a coletividade, refletida através das conversas e refeições, é o que mais sinto falta.

Na sua opinião, qual o maior retorno social que a CEUP oferece à sociedade?

Corroboro com o que a egressa Deise colocou em seu questionário. De fato, nós somos o retorno, sem sombra de dúvida. Na melhor das hipóteses somos multiplicadores oferecendo à sociedade todo o nosso aprendizado.

Atualmente, o que você faz da vida? Em que ramo trabalha?

Sou estudante de doutorado, em Antropologia Social, na Universidade de São Paulo.

Algo a mais que desejaria acrescentar?

Vivam a CEUP! Não façam dela apenas um dormitório!

Deixe uma mensagem aos moradores atuais da CEUP.

A CEUP é grande demais, tanto em estrutura quanto em história, para que fique estabelecida em um anonimato, que só a faz ressurgir em momentos oportunos. É precipitado acreditar que ela possa acabar, por mais precária que esteja. Otimista que sou, ciente das agruras e benesses da vida, prefiro acreditar que ela irá perdurar por muitos e muitos tempos.

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